sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Fogo no Felizmente Há Luar!


Numa primeira análise da peça de Luís Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!, o Fogo pode ser interpretado de várias maneiras.
Sendo que os supostos conspiradores são condenados à morte na fogueira, significa que os que condenavam queriam destruir o que julgavam ser “mau”, para que renascesse a força do “bem”, e a determinação que conduzia o povo à liberdade. Também poderemos entender que ao invés da destruição, dado que o fogo terá uma vertente purificadora, que os mesmos eram condenados para purificarem a alma.
Quando analisamos algumas frases de alguns personagens, por exemplo as palavras de Matilde: “Aquela fogueira há-de incendiar toda a terra”, podemos verificar que isso mesmo se verificou pois todos os que na realidade foram queimados, levaram a uma rebelião que conduziu ao triunfo do liberalismo de 1820. Assim, as palavras de Matilde apesar de serem realidade, também explicam a ligação da fogueira do Felizmente Há Luar! com a liberdade da terra que Matilde falava.

Sonhar com o fogo

Pierre RealDos Sonhos aos Símbolos – Interpretação dos SonhosLisboa, Ed. Marabu-Notícias, 1967Excertos adaptados

Dos sonhos aos símbolos

O fogo tem sido sempre objecto de um verdadeiro culto. Na Antiguidade, o fogo era sinónimo de vida, de luz, de força e de amor… Aliás, o fogo encontra-se ligado aos sentimentos amorosos… Não se diz vulgarmente: uma paixão ardente… o coração em brasa… consumido de amor…a chama do amor?
Em sânscrito, a palavra tejas significa simultaneamente fogo, luz, força espiritual e esperma viril.
Se sonham com fogo, os sonhadores estão junto de grandes fontes de energia física. Nos sonhos surgem então chamas claras ou sombrias, forjas com ferro em brasa, altos-fornos gigantescos, etc.
O fogo permite transformar a matéria, por fusão. Além disso, é considerado um elemento purificador. Se no vosso sonho entra o fogo, podem estar certos de que esse sonho é cheio de significado. Procurarão, então, desembaraçar-se das vossas impurezas morais e das futilidades, a menos que o vosso sonho vos previna de que, inconscientemente, nasceram em vós novos sentimentos e ideais ardentes e puros.
O fogo, nos sonhos, é símbolo de luz, de purificação, de energia ou de sexualidade (tal como o sol! Os antigos, aliás, chamavam ao fogo «filho do sol»).
Eis um exemplo:
Encontro-me numa planície imensa, obscura… no meio da qual brilha um fogo claro, magnífico… Aproximo-me, com um receio misturado de um grande respeito. O braseiro torna-se cada vez mais claro e vivo, ouvindo-se o crepitar das chamas. Sem qualquer hesitação, entro nessas chamas, que me lambem, não me queimam. Caminho sobre o fogo e saio das chamas. À minha frente, ergue se uma coluna luminosa que sobe no céu, tendo no seu cume um outro fogo em forma de sol…
Eis um belo sonho, cheio de grande energia psíquica. Trata-se aqui de um jovem tímido, apagado, mas cuja alma estava «repleta de fogo» e sequiosa de beleza. Este sonho revelou-lhe inconscientemente muitas coisas: deu-lhe a certeza interior do que necessitava. E notem bem isto: saindo do fogo, viu uma coluna que subia no espaço em direcção a um sol. Eis outros dois grandes símbolos que mostram bem o carácter construtivo do seu sonho.
No entanto, o fogo mostra, em certos sonhos, numerosas deformações, a mais corrente das quais é o INCÊNDIO.
Se sonharem com incêndios, trata-se de um fogo que destrói, e o sonho tem o significado de um perigo interior que vos ameaça. Acendeu-se um fogo num recanto da vossa alma, que foi captado pelo vosso inconsciente, mas que sois incapazes de detectar quando em estado de vigília. Torna-se, por isso, necessário procurar a destruição que em vós se começa a operar e, portanto, deve fazer-se uma análise dos sentimentos inconscientes.
Tratar-se-á de uma paixão «ardente» e destruidora? De um esgotamento que põe em perigo os vossos nervos? De uma transformação nociva no ritmo dos vossos instintos? Só um profundo exame permite desvendar estes casos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Uma viagem no mundo de Fogo...

Fazia parte dos meus planos um dia conhecer o mundo de Fogo, julgava eu, até ao dia em que conheci! Tudo começou quando entrei pela porta que rapidamente se fechou, comecei logo por me sentir desamparada, sozinha... Eram-me desconhecidas muitas das caras que via, uma ou outra talvez ja tivessem cruzados olhares comigo mas não sei onde nem quando, reconheci uma ou duas, ambas amigáveis e simpáticas. Fiquei perto delas, e olhava desconfiada e friamente para as outras. Não fiz nenhum tipo de julgamento dos donos dessas caras pois queria e tentava ser distante deles, o que mais tarde se tornou impossível em certos casos. Não era a única que me sentia assim, ansiosa, sei que das outras duas caras que eu conhecia já há algum tempo estavam na mesma situação, afinal eram novas, também no meio daqueles curiosos olhares que questionavam quem nós eramos e porque estavamos ali. Passou-se o tempo entre "cochichos" e perguntas e pareceu-me que estava mais à vontade a meio do dia, então no dia seguinte muito mais confortável, tentando adaptar-me ao ambiente. Inevitável, posso dizer, foi não desenvolver nenhum tipo de relacionamento com gente simpática que encontrei pelo meu caminho. Gente com personalidade e que espera sempre alcançar novos desafios, caras desconhecidas, agora talvez não, que lutam com garra pelo que querem, donos dessas caras que sobrevivem no mundo de fogo...

sábado, 24 de janeiro de 2009

Cartoon

"Atlas"

Por vivermos num país e até num mundo de fogo, esta semana passei uma boa meia hora a rir com os cartoons de um grande artista, há que elogiá-lo e muito, trabalha na maldade de uns, mas para gosto dos outros. Henrique Monteiro é um cartonista que apresenta os seus trabalhos no seu próprio blog: http://henricartoon.blogs.sapo.pt/ ou até à data de Setembro de 2008 (sendo alguns repetidos do primeiro link) em http://henricartoon.blogspot.com/. É bastante interessante a forma como ele desenha mas também a forma como pensa e consegue transmitir isso e muito bem no papel.
O artista aceita cartoons por encomenda que julgo serem feitas através de contacto para henmonteiro@gmail.com, alguns exemplos dessas encomendas estão em http://caricaturasencomendadas.blogs.sapo.pt/.
Deixo uma dica, passem lá é bastante bom!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um diário...

Diário de 15 de Janeiro de 2009 Aula de Português

Talvez o tempo lá fora não ajudasse, talvez o cansaço do chegar ao final da semana, nem as boas notícias de marcações de visitas de estudo me permitiam estar atenta. Estou a referir-me a mim, mas a professora reparou que também a turma não estava presente.
Sei que aula foi após o almoço, sei que chovia e estava nublado lá fora, sei que temos algum trabalho para o fim desta semana e talvez por isso me faltasse concentração e motivação.
Queria participar, queria falar mas parecia que o meu cérebro não desenvolvia, conseguia tirar apontamentos, conseguia estar sozinha comigo mesma, partilhar verbalmente as minhas ideias ou as minhas opiniões era impossível, só dava para partilhar o conteúdo da aula com o caderno.
Via depois colegas a tirar apontamentos, a desenhar e outros a participar na aula, mas quando a professora perguntava algo mais complicado parecia que o cérebro da turma desligava, e só após algum tempo é que começava a aquecer.
Pensando nos cérebros preguiçosos como um carro, à maneira de Álvaro de Campos, hoje estavam estacionados, a professora procurava dar à chave, mas só de vez em quando o motor pegava.
Outra hipótese, como Alberto Caeiro pensaria, os mesmos crânios poderiam ser comparados a um rebanho que a professora conduzia, mas que pouco se queriam mexer.
Já como Ricardo Reis diria, estavam esses belos cérebros sentindo dor sem ao mesmo tempo a sentir.
Sem dúvida que apesar da pouca participação que hoje tive na aula, pude compará-la e muito com os heterónimos de Fernando Pessoa que agora estudamos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Significado do Fogo


Grande Dicionário da Lingua Portuguesa, Grande Biblioteca Multilingue, 2002, Volume III:

Fogo, s. m. Desenvolvimento simultâneo de calor e luz produzido pela combustão de certos corpos. Fogão, chaminé, lareira. Lar, Casa, sede de uma família. Fogueira para servir de sinal. Farol que se acende para guiar navegantes. Calor excessivo, vivacidade, energia. Fogagem. Agitação, sentimento veemente. O suplício da fogueira. Clarão intenso. tiros de fuzilaria, artilharia ou quaisquer armas de fogo. Fig. Combate, acção bélica. Brincar com o fogo, queimar-se lidando sem cautela com o fogo. Arriscar-se, imprudentemente em qualquer empreendimento. Lançar, deitar, largar, pôr, pegar, prender fogo, provocá-lo, ateá-lo. Pontas de fogo, aplicação de objecto pontiagudo em brasa em certos pontos da pele. Pôr as mãos no fogo por, grantir a virtude, a honestidade de. Interj. Voz de execução para descarregar armas.

(...)

Fogueira, s. f. Porção de lenha ou de outro combustivel a arder. Incandescência, exaltação, ardor. Festas populares que se costumavam fazer fogachos nas vésperas de S. João, S. Pedro, Sto. António e outros santos. Monte de lenha em chamas, em denados ao suplíco do fogo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Rita Lee canta Perto do Fogo



Perto do fogo
Como faziam os hippies


Perto do fogo
Como na Idade Média
Quero queimar minha erva
Eu quero estar perto do fogo

Perto do fogo
Quando tudo explodir
Mas não vai explodir nada
Vão ficar os homens se olhando
E dizendo: O momento está chegando

Perto do fogo, meu amor

Perto do fogo
Eu queria ficar perto do fogo
No umbigo do furacão
E no peito um gavião
No coração da cidade
Defendendo a liberdade
Eu quero ser uma flor
Nos teus cabelos de fogo
Quero estar perto do poder

Eu quero estar perto do fogo

Perto do fogo, meu amor...

O Fogo e o Felizmente Há Luar!


Novo ano, novo elemento, nova obra. Uma nova oportunidade de descrever novos sentimentos, emoções e sensações.

Apresento um novo elemento que acho que se identifica com a obra que também escolhi, Felizmente Há Luar!, o Fogo! O oposto do anteriormente escolhido elemento, a Água, que não identifiquei em nada com a peça que estudo.

O novo texto dramático que coloco em estudo trata a injustiça e a repressão política levada a cabo pelo Estado Novo, foi publicado em 1961 e censurado durantes muitos anos, sendo apenas levado aos palcos pela primeira vez em 1978, no Teatro Nacional, encenado pelo próprio autor, Luís de Sttau Monteiro, homem dos palcos, como o mesmo afirma, que não se deixa envolver pelos textos, mas pelo espectáculo e por quem o realiza e assiste:

Eu sou um homem de teatro concreto, real, de palco. Para mim o teatro surge quando está no palco, quando estabelece uma relação social, concreta num povo e num grupo. o livro meramente, ou o texto, tem para mim muito pouco significado, apesar de eu ser um autor teatral. (...) Se vocês são o teatro do futuro, eu sou o do passado. eu sou um homem para quem só conta o espectáculo.
Le theátre sous la contrainte, actas do Colóquio internacional realizado em Dezembro de 1985.