quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Diário da Visita de Estudo à Baixa Pessoana


Uffa... Foi cansativo, bom, mas acabou...
Aprendi muito hoje, conheci a fundo a Baixa Pessoana com a ajuda dos meus colegas e professores que nos guiaram.
Achei fantástico todo o percurso que fizemos mas a parte mais bonita que achei foi sem sombra de dúvida as ruínas do Convento do Carmo e o acesso ao Elevador de Santa Justa, talvez por ainda não estar cansada, ou então por ser realmente uma paisagem bonita de se ver, ainda melhor porque relembrei uns anos anteriores em que passeei por aquele sítio ainda ser perceber a importância do mesmo, foi crescer dentro de minutos com imensa sabedoria. Foi bom também a oportunidade maravilhosa de fotografar Lisboa ao fim de tarde com figurinos bastante carismáticos que participam do meu dia-a-dia.
Sei que estou muito mas muito cansada e com perspectiva de o dia de amanhã não ser melhor, desfile de Carnaval da António Arroio é andar sem parar, mas também com os avisos que já tínhamos que iriam ser cinco, sim cinco, quilómetros a andar não era de esperar que psicologicamente não estivesse preparada, só para terem noção vou fazer um pequeno resumo:
Começamos pela pequena grande Rua da Betesga onde Fernando Pessoa tinha uma das suas muitas firmas, fomos ao Rossio, mesmo ao lado, bisbilhotamos o café Nicola e fomos
à Rua do Arco da Bandeira onde tivemos acesso a um café de nome A Licorista onde pudemos ver um painel onde é retratado Pessoa e a sua célebre frase, Apanhado em flagrante delitro, voltamos de novo ao Rossio onde entramos, para matar a curiosidade, na Tabacaria Mónaco, também frequentada por F. Pessoa, bastante escura por dentro e com muitos passarinhos a decorá-la e ladeada por duas rãs, assim a posso caracterizar. Paramos na frente da Estação do Rossio para termos a mínima noção da paixão de F. Pessoa por Ofélia que morava num prédio em frente a um café, actualmente C.G.D., onde Pessoa passava as tardes a admirá-la. Não tardou a entrarmos na Estação viu-mos uns painéis e discutimos um pouco o conceito de beleza de todos os painéis.
Saímos da Estação e fomos até um restaurante onde também tiveram a gentileza de nos deixar entrar, O Leão D' Ouro onde também vimos um quadro em que estavam representados F. Pessoa e os seus contemporâneos. Depois após uns passitos mais longos, vimos da Rua do Carmo, parte das ruínas do convento do Carmo, subimos a rua e paramos em frente aos novos Armazéns do Chiado. Seguimos pela Rua Garret e viramos na primeira rua à direita, que eu não tenho a certeza do nome, Rua da Condessa talvez?! Sei que fomos dar ao lado do Museu Arqueológico do Carmo, correctamente o chamando, e que entramos numa arcada ao lado e depois foi a parte mais bonita da visita que já falei à pouco, quando voltamos estivemos um pouco parados no Largo do Carmo, com uns colegas a explicar a vida de F. Pessoa nesse local. Uns largos passos depois subindo a rua em direcção ao Teatro da Tridande onde virámos à esquerda e descemos até à Igreja dos Mártires. Uns colegas fizeram a sua explicação do espaço e depois fizemos uma pausa bem merecida, para lanchar. Após um ligeiro atraso dos professores voltámos ao nosso longo percurso. Dirigimo-nos até à famosa Brasileira, onde também fomos fazer uma cusquice das muitas obras contemporâneas de Pessoa que lá moram. Depois de mais uma descida, a parte mais fácil do percurso, vimos o prédio onde F. Pessoa havia nascido, mesmo no Largo de S. Carlos. Mais uma descida, não nos podemos queixar, e fomos ao Largo da Faculdade de Belas Artes, onde tentamos uma pequena invasão ao miradouro em frente, o que se tornou impossível graças à segurança privada que agora lá existe. Mais percurso a descer, para baixo todos os santos ajudam, e chegámos à Rua do Ouro, onde pelo adiantar da hora foram muitos os colegas, incluindo eu, que deram a sua contribuição. Seguimos para o Martinho da Arcada onde tiveram a gentileza de nos deixar entrar e mirar todo aquele ambiente rodeado pela viva alma de F. Pessoa. As últimas paragens, bolas já nem me lembro, sei que fomos a um jardim no Terreiro do Paço, onde não nos queriam deixar entrar, por já ser um pouco tarde e que depois paramos em mais duas ou três ruas as quais já não assentei o nome, mas é que o cansaço já era pesado. Nessas ruas os poucos e últimos colegas resistentes descreveram também o espaço e ligaram-no à vida de F. Pessoa.

E por fim a última e derradeira corrida para o metro. Pareceu que nunca mais chegava a casa e tomava o merecido banho e merecido jantar. Agora estou aqui a escrever já quase sem força nos olhos e nos dedos.

Uffa... Foi cansativo, bom, mas acabou...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um elemento, muitos significados

O fogo consume, aquece, ilumina, mas também pode trazer morte e dor; e por isso seu simbolismo pode variar muito dependendo do contexto em que ele é usado. Ele é muito usado como um símbolo de inspiração como também é um símbolo predominante do inferno. O fogo é um dos quatro elementos que o ser humano pode produzir, fazendo uma conexão entre os mortais e os Deuses. A maioria dos rituais envolvem uma chama eterna, e acender um fogo é equiparado com o nascimento e ressurreição. Pode ainda representar iluminação espiritual, sexualidade e fertilidade.

Fogo pode ainda ser visto como uma força de purificação (Cooper, 1978). Em um contexto mais moderno, um fogo na floresta, que pode ser destrutivo e dispendioso pode ser ecologicamente correcto como um modo de purificação onde todo um ecossistema é rejuvenescido.

O fogo também é visto pelos cristãos, chineses e Hebreus como um símbolo de divindade (Cooper, 1978). No Cristianismo, o fogo pode ser simbólico para zelo e martírio. No Egipto, representa um sentido de superioridade e controle. Em muitas outras culturas, o fogo é visto como um símbolo para sabedoria e conhecimento.

Freud via o fogo como um aspecto da libido (impulso sexual) representando paixões proibidas.

Ele destrói, limpa, purifica. Significa o surgimento da paixão e sexualidade. Para Jung ele representava transformação, pois ele é o grande agente das transformações pelo seu carácter de simbolizar as emoções, tanto que aquilo que resiste ao fogo tem o carácter da imortalidade. Sem o fogo da emoção nenhum desenvolvimento ocorre e nenhuma conscientização maior pode ser alcançada, ele é considerado um símbolo da consciência e no Êxodo, as tribos comandadas por Moisés foram guiadas por uma coluna de fogo durante a noite que foi denominada de Tocha Ardente, é um tipo de libido, consciente e criativa. Existe uma tendência geral de se estabelecer um paralelo entre a produção de fogo e a sexualidade, tanto que ele pode estar representando o inferno resultante da vivência da Paixão. O pramantha como instrumento do Manthana (o sacrifício de fogo) entre os hindus, tem um significado sexual; o pramantha representa o falo ou o homem e o pau furado colocado em baixo é a vulva ou a mulher, sendo que o fogo gerado é a criança, o filho divino AGNI. No culto, os dois paus chamam-se pururûvas e urçavi e são símbolos do homem e da mulher; do órgão genital da mulher nasce o fogo da sexualidade que é um dos conteúdos psíquicos de maior carga afectiva. Na alquimia, o fogo da calcinatio é um fogo purgador, embranquecedor que actua sobre a matéria negra, símbolo da nigredo, tornando-a branca., a albedo.

Dentro do simbolismo alquímico, ele também era uma imagem da participação do indivíduo no trabalho pois para que a transformação se processasse era preciso atenção ao fogo que deveria sempre manter-se aceso. O que é purificado pelo fogo, torna-se de forma bastante literal, sagrado, e quando uma criatura "espiritual" é queimada a cremação lhe confere o corpo, posto que esse elemento era considerado o veículo conector entre os reinos divino e humano, a própria inspiração através do espírito. Existe também em relação ao fogo a imagem que simboliza o grande destruidor, como pode inclusive ser visto em vários mitos posto que ele tanto pode nos queimar como nos iluminar. Nos tempos primitivos era o principal método de sacrifício aos deuses. Os sonhos em que cidades são queimadas ou ainda, que nossa própria casa é queimada, costumam indicar que um afecto nos possuiu e tornou-se completamente fora de controlo. Ele mostra a intensidade da tonalidade afectiva e por isso é uma expressão da energia psíquica que se manifesta como libido.

É um princípio criador por excelência, símbolo da energia vital, da purificação, da espiritualidade, do entusiasmo e do ardor. Sonhar com o fogo de uma lareira ou com uma fogueira no meio de um campo indica uma necessidade de acção, de levar a cabo de forma imediata o que se está projectando. Se esse fogo te envolve, significa que você está desperdiçando uma grande quantidade de energia ou que está utilizando esta energia de forma errada. Se trataria de um erro por excesso, por culpa de uma ambição desproporcional ou de um entusiasmo que não corresponde à realidade e que você deveria guardar isto para outros empreendimentos.

Com certeza, você precisa serenar e medir a extensão de seus actos. Se o fogo queima um bosque ou um edifício, é um indício de que algo está ameaçando destruir sua integridade. Você não está deixando ninguém lhe aconselhar e, desse jeito, as coisas chegam a um limite perigoso. Sonhar com fogo é logicamente uma advertência para que você desenvolva a paciência e cultive a objectividade, que não é o seu forte.

A maior parte dos aspectos do simbolismo do fogo está resumida na doutrina hindu, que lhe confere fundamental importância.

O aspecto destruidor do fogo implica também, evidentemente, um lado negativo; e o domínio do fogo é igualmente uma função diabólica. A propósito da forja, deve-se observar que seu fogo é a um só tempo celeste e subterrâneo, instrumento de demiurgo e de demónio. A queda de nível é representada por Lúcifer, portador da luz celeste, no momento em que é precipitado nas chamas do inferno: fogo que queima sem consumir, embora exclua para sempre a possibilidade de regeneração.

O fogo, na qualidade de elemento que queima e consome, é também símbolo de purificação e de regenerescência. Reencontra-se, pois, o aspecto positivo da destruição: nova inversão do símbolo. Todavia, a água é também purificadora e regeneradora. Mas o fogo distingue-se da água porquanto ele simboliza a purificação pela compreensão, até a mais espiritual de suas formas, pela luz e pela verdade; ao passo que a água simboliza a purificação do desejo, até a mais sublime de suas formas — a bondade.

Por: Sérgio Pereira Alves

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Relatório da aula do dia 12 de Fevereiro de 2009

A aula do dia 12 de Fevereiro de 2009 iniciou-se com a entrega da folha de preenchimento para a visita de estudo à Lisboa Pessoana e com esclarecimentos sobre a mesma.
Prosseguiu-se a aula com a leitura de um conto do livro Exercícios de Estilo de QUENEAU, Raymond, Ed. Colibri, Lisboa 2000, intitulado, após alguns palpites dos alunos, Desajeitado, e com a leitura de um outro excerto do livro, Cadernos de Lanzarote de José Saramago, a terceira página do dia 6 de Março.
Após a pequena revisão sobre a matéria das aulas anteriores, realizou-se a leitura de textos sobre o Epicurismo - que consiste em gozar o presente e o Estoicismo – que consiste na aceitação da condição humana, através da disciplina e da razão, doutrinas que Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, idolatrava (página 198).
Sobre o texto do Epicurismo podemos dizer que era a faceta de Ricardo Reis que vivia de acordo com o desfruto do prazer, mas com moderação, sendo que a outra faceta vivia segundo a razão, usando-a para não recriminar e uma serena aceitação, logo de acordo com a outra doutrina, o Estoicismo. Com a oportunidade de leitura destes textos seguiram-se os significados de alguns conceitos entre eles: Dogma – uma verdade inquestionável e Rebelarem – revoltarem.
A leitura de um outro texto sobre Ricardo Reis – o poeta da auto-disciplina (página 195) que nos elucidou, mais uma vez, sobre a forma como Fernando Pessoa criava os seus heterónimos dando-lhes uma total e completa personalidade e também onde F. Pessoa nos “apresentava” o mais recente heterónimo.
Para terminar a aula fizemos uma leitura dramatizada de um excerto de um texto (página 202) de José Saramago, O ano da Morte de Ricardo Reis.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Um balanço intermédio, uma organização de trabalho...

Ao longo deste mês de trabalho, e apesar de ainda não ter tido a oportunidade de estudar completamente e intensamente o Felizmente Há Luar! tenho tido uma boa impressão da obra e do elemento que nela é retratado, o fogo.
Tudo o que foi realizado até agora foi, alguma pesquisa sobre a simbologia do fogo e da fogueira, uma primeira análise da obra e um texto pessoal, um diário, em graça aos heterónimos de Fernando Pessoa.
Tenciono continuar a apostar na pesquisa da simbologia do fogo, da fogueira, e em alguns elementos que irei agora introduzir, a lua, a noite, a luz, e os tambores também muito anunciados no texto de Sttau Monteiro.
Com a oportunidade, de ainda referir Pessoa, que agora estudamos, irei realizar mais textos pessoais sobre esse fantástico poeta, e introduzir uns excertos em que o poeta se refere ao fogo.
Mais tarde, numa especie de conclusão um resumo sobre a obra Felizmente Há Luar! e o elemento que escolhi.