sábado, 15 de novembro de 2008

Os Lusíadas de Luís de Camões - Consílio dos Deuses no Olimpo

O Consílio dos Deuses, fresco de Luigi Sabatelli

19.
Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que o gado de Próteu são cortadas,

21.
Deixam dos Sete Céus o regimento,
Que do poder mais alto lhe foi dado,
Alto Poder, que só co pensamento
Governa o Céu, a Terra e o Mar irado.
Ali se acharam juntos, num momento,
Os que habitam o Arcturo congelado
E os que o autro tem e as partes onde
A Aurora nasce e o claro Sol se esconde.

25.
Já lhe foi (bem o vistes) concedido,

Cum poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra que rega o Tejo ameno;
Pois contra o Castelhano tão temido
Sempre alcançou favor do Céu sereno.
Assu que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve troféus pendentes da vitória.

28.
Prometido lhe está o Fado eterno,
Cuja alta lei não pode ser quebrada,
Que tenham longos tempos o governo
Do mar que vê do sol a roxa entrada.
Nas águas tem passado o duro Inverno;
A gente vem perdida e trabalhada.
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra que deseja.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, Ana.
Benvinda.Irei acompanhando o teu trabalho e comentando sempre que achar oportuno. Bjis, bom fim-de-semana.
Risoleta