quinta-feira, 28 de maio de 2009

Balançando...


Balançando entre a Água, o Fogo e a Terra concluo mais do que um trabalho...
O Memorial do Convento e José Saramago, foram para mim os mais desafiantes temas, difícil de ler, difícil de imaginar o autor conduz-nos a variadas ideias que nos expressa entre linhas...
É preciso concentração, atenção e muita força de vontade para se ler uma obra como o Memorial do Convento.
Consegui, li, re-li e exercitei a minha mente com as palavras mais inimagináveis que encontrei e com a especifica pontuação utilizada.
Foi intrigante no principio, lembro-me de começar e pensar, não... não vou conseguir...! Mas como tudo, ou quase tudo, é uma questão de tempo, foi fácil... Pratiquei até que comecei a entrar na onda que me conduziu a Terra firme...
Tudo na vida só acontece com prática, com força de vontade e empenho e tentei aplicar esses três conceitos na construção deste blog e nas análises das matérias que estudamos e dos elementos que escolhi...
Acho que consegui atingir uma meta e posso não sair em primeirissímo lugar, mas o que conta foi ter participado...

terça-feira, 26 de maio de 2009

O que começa também acaba... Entre a Água e a Terra


Foi o exemplo de mais um ano escolar... Momentos especiais, momentos menos especiais... Um balanço um tanto ou quanto positivo.
Gostei de conhecer quem conheci, uns com um espirito livre e uma mente aberta, outros mais recatados no seu proprio mundo... Pessoas... Diferentes umas das outras como quero encontrar ao longo da minha vida...
No meu percurso profissional, um ano enriquicedor! Aprendi sem mais não, e para isso preparava-me para uma outra igual maratona.
Português... a disciplina que nunca pensei ser a mais lúdica no meio de tantas, foi a que mais me surpreendeu pela positiva... Desde trabalhos ao ar livre, Lisboa Pessoana, os blogs fascinantes criados por artistas igualmente fascinantes... Uma ideia e uma imagem diferente de aulas diferentes com uma professora diferente.
Estou cansada, é certo, mas sei que cresci imenso com este ano lectivo que passou e estou pronta para os próximos que se seguem... Com os exames pelo meio eu sei! Grrrr...
Vou deixar um mundo artístico que sonhei e por vezes até exagerei e sei agora que não o fiz correctamente... Mas espero que as gerações seguintes abracem o novo projecto, a nova Escola, a nova Arte e façam deles o que muitos destruiram e eu julgava ser a ESCOLA SECUNDÁRIA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO...
Sorte e empenho acompanhando tudo o resto que é habitual, é tudo o que desejo a quem comigo partilhou o ano magnifico que passou...





Obrigada a todos os que fizeram parte dele...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ora sereno, ora incessante... É o Barroco

Domenico Scarlatti

Numa mesma música, num mesmo estilo musical acontecem muitas variações e as principais que encontro no Barroco são a serenidade com que, na maioria começa a música, e agitação tão incessante que por vezes consegue atingir...
Fantástico... De olhos fechados conduz-me a um salão onde vejo muitas senhoras muito bem vestidas, acompanhadas por cavalheiros com igual vestimenta.
Dançam, dançam sem fim... Coreografias perfeitas em vestidos perfeitos dos quais balançam as suas larguíssimas caudas apenas seguradas pelas pontas dos frágeis dedos, das frágeis damas...
Por seu lado os cavalheiros acompanham e conduzem as damas até ao ritmo da música...
Lembram um luxo, uma riqueza e um poder enormíssimo, tudo o quanto era necessário para a produção destas festas...
Festas de pompa e circunstância, as quais parecem não terminar... Noite fora...
Eles dançam sem parar, a musica toca sem parar... É nos momentos mais serenos que parecem abrandar e descansar, mas segundos depois a agitação transforma esse cansaço numa enorme energia e voltam ao mesmo ritmo alucinante... Incessante... Ele querem sempre mais... Eu também quero ouvir mais...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diário de Viagem


Tarde… Tratamento imperativamente exímio, talvez por um check in exclusivo, talvez pelos dígitos visíveis no bilhete comum.
Trauma, medo, grito, uma ausência de conforto patente em alguns. Ânsia, desejo, loucura sã, presente em nós.
Um descolar de cento e sessenta e oito pensantes, cinquenta e seis janelas, uma imagem… Mare Nostrum. Uma estreita passagem para o Paraíso, uma aterragem perfeita.
Arte, arte pura num simples aeroporto. Uma visão nocturna incontestável. Vimos cada segundo passar iluminado, iluminando a multidão.
Tal como no purgatório, as portas se abriram, para nós, as do Paraíso. Baptizadas com um chá, e assim começa a nossa viagem.
Num lugar onde a areia protagoniza e a escaca água é azul profundo, foi provado o fruto proibido.
Com vista para a ausência desta terra, saboreando o nascer do sol, libámos o néctar divino, abusando seguidamente da maior fonte de energia.
Quando a noite cai nas dunas desertas, chega-se ao oásis. Pecado a pecado as estrelas do céu não se querem dissipar.
Após uma noite com ininterruptas constelações, vivemos a noite imortalizada, “olvidalmente” impossível.
Nas termas, de Cartágo, ensopadas, apuramos o verdadeiro calor… o Olímpico.Um forte, uma Medina, um todo, uma sensação, numa preclara viagem.Despedida... Não o fim, mas um começo...
Apenas um fim-de-semana passado. Um lugar por descobrir, plantar um oásis no deserto da nossa alma.
Em Cuba salsa o Fidel dançava, na Tunísia Zine Ali pela dança do ventre se fascina. Um espaço onde duas culturas, totalmente opostas, se mesclam. Havana…
Tuk-Tuk, com os cabelos levados pelas tempestades de areia, de camelo motorizado, tradições ocultas conhecemos.
Uma tradição, um casamento, ou dois, neste caso. A tinta preta a inundar cada poro. Uma confusão presa entre paredes altas, ruas estreitas, e palavras desconhecidas.
Gota a gota, vinda do reino divino de Alá, o preto ficou branco, o claro desbotou-se. "Alrgd", trovões, fortes, relâmpagos intensos e impiedosos.
Azul, branco, paz...uma oração... Um lugar encantado onde tudo se rege por duas cores, até os sorrisos e as almas da sua gente, Sidi Bou Said.
Mil e um Mosaicos, Mil e uma Histórias, quatro mulheres, um sultão, entre os arcos de um Harem.
Milésima primeira noite... a última... A despedida de um prazer único e perpétuo.
Um local já antes conhecido, onde todas as despedidas e encontros são confundidos com Départs e Arrivées.
Chateado com o nosso retorno, Alá preparou-nos uma surpresa, um voo turbulento, para um país igualmente instável.

sábado, 16 de maio de 2009

Sem a tua companhia


Como ela, eu fiquei sem a tua companhia, fiquei sem ti! A ela tudo lhe foi tirado, de mim... tu fugiste de mim...
Perdi-te... Perdi a tua atenção, a tua vontade de estar comigo, o teu carinho, o teu amor.
Talvez até nunca te tenha tido, mas dizem que é a força de certos laços é mais forte que a vontade de querer ou não querer, gostar ou não gostar.
Castigas-me, sabes como fazê-lo... Desespero, também eu não posso fazer nada.
Blimunda foi apresentada, no começo sozinha, e no fim sozinha ficou...
Não me quero apresentar nem acabr a minha história assim.
Quero que voltes, não precisa ser em todo basta voltares em pouco parte de ti, a parte que gosta de estar comigo e que quer estar comigo.
Não me obrigues a viver sem ti, como tu e ela viveram sem ele.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Jazz... Jazz e o Barroco...


Uma das vantagens de ser Português é ter como principal disciplina Português, que abrange tão variadas àreas, entre elas a música...

Jazz... Jazz e o Barroco...

Ouvi algumas vezes, também poderia identificar algumas músicas, mas compreender o Jazz, só hoje e foi muito gratificante.
Saber que a "música dos pretos", como muitos lhe chamam, foi iniciada por um grupo de descendentes de escravos que estava em New Orleans, foi a primeira de muitas curiosidades que aprendi.
Todo este ritmo foi-se espalhando pelos Estados Unidos da América, e foi-se adaptando a várias décadas e a vários estilos populares dessas épocas, e é com essa mistura que podemos relacionar o Jazz com o Barroco.
Unindo várias raças, várias culturas, vários países e até continentes, o Jazz é dos estilos musicais que mais se interliga.
Adaptou-se ao Barroco e é dai que fazemos a ligação do Jazz com a matéria que estudamos, onde temos presente no Memorial do Convento, Domenico Scarlatti, músico-compositor.
Aprendendo muito com esta aula diferente, deixo os agradecimentos, aos que a proporcionaram... ao meu colega Afonso Botelho, ao crítico de Jazz Leonel Santos e à Professora Risoleta Pedro!

sábado, 9 de maio de 2009

Um pensar a meio...

Blimunda Sete-Luas


Agora sim se começa a perceber o significado do elemento que escolhi, a Terra, juntamente com a matéria que estudamos, o Memorial do Convento.
Em primeiro pensar, associamos a obra de Saramago à construção da Passarola e por sua consequente à tentativa de voar, logo o elemento mais óbvio seria o Ar, mas como numa primeira opinião geral sobre qual dos temas associavamos a esta obra, houve um comentário que me despertou a atenção, segui-o e consegui-o.
A Terra não tem propriamente uma ligação directa ao convento de Mafra, tem mais uma ligação à sua edificação, à sua estrutura que à primeira vista parace bastante pesada o que nos conduz à ideia de que a Terra o suporta com esforço...
Por outro lado a estória contada no Memorial do Convento, lembra-nos a nossa Terra, o que nós fomos e o que a Terra foi, de uma forma subjectiva, com outros significados, mas a intemporalidade conduz-nos por esse caminho.
Também seguindo as personagens principais desta obra podemos ver que ambas são complementares do elemento Terra, Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas...
Por estes e mais motivos, não muito longe de alcançar a simbologia da Terra, mas também não muito perto, Saramago conta-nos nesta obra uma série de histórias, desde as que são baseadas em factos históricos, às de ficção até aos caminhos do fantástico!
Agora estamos a meio de as analisar e de as pensar uma por uma...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Espera... Espera...


Passavam das sete e eu já desesperava, olhava para o relógio e o tempo parecia não sair do lugar. Lutar contra tanta ansiedade é muito difícil! Esperei... Um, dois, três minutos e voltava a não ver a porta a abrir. Irritada, liguei-lhe... E nada... NADA! Como nada? Tocou, tocou, tocou e ninguém atendeu o maldito telefone... Será assim tão difícil alguém, esse alguém, atender ou até quem sabe entrar?! Se calhar não tem telefone... Se calhar perdeu-se no caminho... Desesperei, corri para a janela para ver se toda esta ansiedade morria, mas não era isso que mudava o que quer que fosse! Já devia ser perto das sete e dez! Tanta pressa! Desse alguém nem vista em cima... Porquê? Será que estava tudo bem? Muita incerteza junta ia na minha cabeça, julgava, mas ao mesmo tempo preocupava-me! Que sentimento de revolta, que sentimento de incerteza! Os que me rodeavam julgavam-me louca, na realidade eu estava louca! Querer e não ter, ter e não ver, põe qualquer um louco! Enquanto eu era julgada o tempo passava e ninguém entrava... Bolas... Desisti! Sete e meia e o sono venceu-me...

domingo, 3 de maio de 2009

Dia da mãe...


A todas as mãe... De todas as mãe... Para todas as mães...

Feliz Dia da Mãe!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Memorial... Ironia de Saramago...


"Sou razoavelmente irónico, é uma das coisas que me caracteriza, além de ser alto e calvo... No fundo, sou alguém que gostaria de brincar, mas não pode ou não sabe fazê-lo. Isso resolve-se em mim pela ironia. Que é muitas vezes virada contra o próprio ou contra coisas e pessoas que muito quer ou estima. Haveria que estabelecer diferenças entre a troça, o sarcasmo, o humor e a ironia, tudo parentes da mesma família mas, como acontece com as pessoas do mesmo sangue, nem sempre se dão bem. Creio que a troça é o pior de tudo; o sarcasmo, às vezes, é a única solução, enquanto que o humor é uma espécie de gazua e a ironia pode ser um disfarce de qualquer coisa grave, dor ou angústia, mas também pode ser prova ou demonstração de amor. De qualquer modo, tento não sentimentalizar as situações que pareciam estar fadadas para tal."


A força da ironia, in A Capital, Lisboa, 26 de Novembro de 1984

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A minha bagagem... A bagagem do Viajante...


Era quase noite fechada quando chegámos à quinta onde ficaríamos para o dia seguinte. Metemos os animais num barracão e comemos o farnel leve, perto de uma janela iluminada, porque não tínhamos querido entrar (ou não nos deixaram?). Enquanto comíamos, veio um criado dizer-nos que poderíamos dormir na cavalariça. Deu-nos duas mantas lobeiras e foi-se embora. Soltaram-se os cães, e nós não tivemos mais remédio que ir dormir. A porta da cavalariça ficaria aberta toda a noite, e assim nos convinha, pois teríamos de sair pela madrugada, muito antes de nascer o sol, para chegarmos a Santarém no principiar da feira.
A nossa cama era um extremo da manjedoura que acompanhava toda a parede do fundo. Os cavalos resfolgavam e davam patadas no chão empedrado, coberto de palha. Deitei-me como num berço, enrolado na manta, respirando o cheiro forte dos cavalos, toda a noite inquietos, ou assim me pareciam nos intervalos do sono. Sentia-me cansado, com os pés moídos. A escuridão era quente e espessa, os cavalos sacudiam as cabeças com força, e o meu tio dormia. Os ruídos da noite passavam por sobre o telhado. Adormeci como um santo: assim minha avó diria se ali estivesse.


José Saramago, A Bagagem do Viajante, p. 24

Promessa feita...


Sentia-se só no meio de tanta gente, desamparada no meio de tanto amparo... Ora veste, ora despe, ora uma, ora outra...
Queria seguir com a tradição, mas algo mais forte a impedia. Como mulher não podia ser de outra maneira, a não ser ela a lutar por isso. Todas as noite, após o esforço e a imobilização a que era obrigada, implorava com toda a sua fé que o milagre se sucedesse.
Já ele na sua visão de homem não pensava sequer nisso, limitava-se a colaborar e depois a exigir que passados nove meses tivesse um herdeiro, macho como ele claro!
Fácil seria falar para quem estava fora dessa história
, imagino pois o constrangimento de alguém tão religioso como ela ao ouvir falar da sua infertilidade. Todo este ambiente não contribuía em nada para o seu relaxamento, mas lá depois de tantas tentativas eis se não uma que resultou.
A felicidade foi geral, um passo enorme... Um filho, um tão desejado herdeiro a caminho do trono...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Era uma vez...


Era uma vez um rei que fez uma promessa de levantar um convento em Mafra.
Era uma vez a gente que construiu esse convento.
Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes.
Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido.
Era uma vez...

Memorial do Convento, José Saramago

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Parabéns Terra...


Hoje é o grande dia...
O dia internacional da Terra...
Terra como planeta? Terra como fonte de energia? Terra como base fundamental? Terra como aconchego de almas impacientes por voarem?
Terra! Como não sei, acho que também não interessa muito... É Terra e ponto de exclamação!


O dia da Terra foi criado em 1970, quando o senador norte-americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição.
A partir de 1990, outros países também começaram a mobilização. Em 1972 foi celebrada a primeira conferência internacional sobre o meio ambiente: a Conferência de Estocolmo, cujo objectivo foi sensibilizar os líderes mundiais sobre a magnitude dos problemas ambientais e que se instituíssem as políticas necessárias para sua erradicação. A comemoração refere-se à tomada de consciência dos recursos naturais da Terra e à sua manobra, à educação ambiental e à participação como cidadãos ambientalmente conscientes e responsáveis. Surgiu como um movimento universitário e converteu-se num importante acontecimento educativo e informativo. Os grupos ecologistas utilizam-no como ocasião para avaliar os problemas do meio ambiente do planeta: a contaminação do ar, água e solos, a destruição de ecossistemas, centenas de milhares de plantas e espécies animais dizimadas e o esgotamento de recursos não renováveis. Utiliza-se este dia também para insistir em soluções que permitam eliminar os efeitos negativos das actividades humanas. Estas soluções incluem a reciclagem de materiais manufacturados, preservação de recursos naturais como o petróleo e a energia, a proibição de utilizar produtos químicos maliciosos, o fim da destruição de habitats fundamentais como as florestas tropicais e a protecção de espécies ameaçadas. Temos que fazer com que estas preocupações façam parte do nosso dia-a-dia, pois esperar um ano para ver como ficou o planeta é muito tempo. Para salvar a natureza a acção tem que ser imediata e sem trégua.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Memorial do Convento, a nova obra...


Publicado em 1982, o Memorial do Convento, de José Saramago, narra o período de construção de um Convento, em Mafra, em cumprimento de promessa feita pelo rei D. João V.
Numa primeiríssima análise da estrutura externa da obra podemos verificar também as características da autoria da mesma.
Dada a forma específica de pontuação de Saramago, as expressões Barrocas, expressões cultivas e conceptivas, misturadas com a também estrutura Barroca de Padre António Vieira, a imensa presença da ironia, principalmente no que se refere à nobreza implícita na história, dando assim o desprezo à mesma, a famosa crítica social, a enumeração e a descrição crua e naturalista de alguns factos.

A uma tão completa obra não poderia faltar uma tão completa organização de factos que podem ser compreendidos em três grupos distintos, História - factos históricos reais passados no século XVIII no reinado de D. João V; Ficção - o possível mas irreal romance da Blimunda com Baltazar; Fantástico - onde tudo o que acontece é irreal e impossível de acontecer como os poderes da Blimunda.
Tal como na obra anteriormente estudada, Felizmente Há Luar!, o autor refaz uma fábula quando retira certas acções que se passaram durante o reinado de D. João V para a nossa época e torna a história do Memorial do Convento intemporal...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Terra, o novo elemento...


O elemento terra é um dos quatro elementos primordiais, para além dos elementos ar, água e fogo.
Opondo-se ao céu, tem a sua simbologia ligada aos princípios passivo e feminino, o tão abordado Yin, e também à criação, dado que em muitas das mitologias antigas existem lendas sobre o dar a vida primordial a partir de um pedaço de terra ou de barro. Tal como a água, a simbologia da terra está ligada à fecundidade, fertilidade, criação e regeneração, como mulher e mãe e, por isso, associada a um carácter doce, firme e permanente.
No Zodíaco, existem três signos que pertencem a este elemento: o Touro, a Virgem e o Capricórnio, que simbolizam sobretudo o materialismo e as sensações, conferindo mais importância ao raciocínio prático do que às considerações teóricas.
Na literatura, na mitologia e na simbologia, a terra é associada ao corpo da mulher e como ela fecundada pelo lavrador quando este a penetra com o arado e lhe lança as sementes.
Para alguns, a terra é a mãe criadora mas também aquela que se alimenta dos mortos, sendo portanto também destruidora. A terra está também ligada ao sagrado e em muitas religiões como a cristã, a judaica ou a muçulmana, as peregrinações a uma Terra Santa ou uma Terra Prometida são rituais de retorno a essa origem primordial e divina. Na América do Sul, algumas tribos de índios voltam à sua terra de origem quando necessitam de renovar as suas energias. Em termos psicológicos e psicanalíticos a terra simboliza o consciente em conflito permanente com os seus desejos e a necessidade de sublimação.
No próximo dia 22 de Abril comemora-se o Dia Internacional da Terra.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ao estilo de Guidinha


Tretas tretas tretas ao estilo de Guidinha também eu vou aqui descrever o meu Pai Natal


Querida Guidinha também a mim um aldrabão me enganou dizendo-me que o Pai Natal viria muitas vezes como prometia e depois de eu estar sempre à espera até hoje só vêm uma vez por outra quando pode e quando não pode diz que tem muito trabalho ao contrário do teu o meu presentes trás e muitos não me posso queixar mas isso não compensa as suas muitas faltas que depois são desculpadas por outros aldrabões que julgam que me enganam lá por eu ser criança e criança bem comportada que sou sempre salvei o toutiço da bumba também como tu se julgam que eu sou boazinha hei-de se-lo até um dia em que eu rebente e depois de dizer tudo o que pense sei que não vou salvar o toutiço mas que diferença faz depois de ter dito tudo o que disse e ora abóbora que nesse ano talvez não haja prendas para ninguém e como caminhamos com a crise essa pode ser uma desculpa do amador Pai Natal que me calhou se calhar como tu também tenho vontade de fazer uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e aí os nossos Pais Natal vão ver como é que nós não somos boazinhas e que não se deviam ter metido com a Guidinha e comigo que não estamos cá para ver andar os outros.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Redacções da Guidinha

"Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não interessa a ninguém e muito menos a esta vossa GUIDINHA que não está cá por ver andar os outros."

Luís de Sttau Monteiro

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Diário da Visita de Estudo à Baixa Pessoana


Uffa... Foi cansativo, bom, mas acabou...
Aprendi muito hoje, conheci a fundo a Baixa Pessoana com a ajuda dos meus colegas e professores que nos guiaram.
Achei fantástico todo o percurso que fizemos mas a parte mais bonita que achei foi sem sombra de dúvida as ruínas do Convento do Carmo e o acesso ao Elevador de Santa Justa, talvez por ainda não estar cansada, ou então por ser realmente uma paisagem bonita de se ver, ainda melhor porque relembrei uns anos anteriores em que passeei por aquele sítio ainda ser perceber a importância do mesmo, foi crescer dentro de minutos com imensa sabedoria. Foi bom também a oportunidade maravilhosa de fotografar Lisboa ao fim de tarde com figurinos bastante carismáticos que participam do meu dia-a-dia.
Sei que estou muito mas muito cansada e com perspectiva de o dia de amanhã não ser melhor, desfile de Carnaval da António Arroio é andar sem parar, mas também com os avisos que já tínhamos que iriam ser cinco, sim cinco, quilómetros a andar não era de esperar que psicologicamente não estivesse preparada, só para terem noção vou fazer um pequeno resumo:
Começamos pela pequena grande Rua da Betesga onde Fernando Pessoa tinha uma das suas muitas firmas, fomos ao Rossio, mesmo ao lado, bisbilhotamos o café Nicola e fomos
à Rua do Arco da Bandeira onde tivemos acesso a um café de nome A Licorista onde pudemos ver um painel onde é retratado Pessoa e a sua célebre frase, Apanhado em flagrante delitro, voltamos de novo ao Rossio onde entramos, para matar a curiosidade, na Tabacaria Mónaco, também frequentada por F. Pessoa, bastante escura por dentro e com muitos passarinhos a decorá-la e ladeada por duas rãs, assim a posso caracterizar. Paramos na frente da Estação do Rossio para termos a mínima noção da paixão de F. Pessoa por Ofélia que morava num prédio em frente a um café, actualmente C.G.D., onde Pessoa passava as tardes a admirá-la. Não tardou a entrarmos na Estação viu-mos uns painéis e discutimos um pouco o conceito de beleza de todos os painéis.
Saímos da Estação e fomos até um restaurante onde também tiveram a gentileza de nos deixar entrar, O Leão D' Ouro onde também vimos um quadro em que estavam representados F. Pessoa e os seus contemporâneos. Depois após uns passitos mais longos, vimos da Rua do Carmo, parte das ruínas do convento do Carmo, subimos a rua e paramos em frente aos novos Armazéns do Chiado. Seguimos pela Rua Garret e viramos na primeira rua à direita, que eu não tenho a certeza do nome, Rua da Condessa talvez?! Sei que fomos dar ao lado do Museu Arqueológico do Carmo, correctamente o chamando, e que entramos numa arcada ao lado e depois foi a parte mais bonita da visita que já falei à pouco, quando voltamos estivemos um pouco parados no Largo do Carmo, com uns colegas a explicar a vida de F. Pessoa nesse local. Uns largos passos depois subindo a rua em direcção ao Teatro da Tridande onde virámos à esquerda e descemos até à Igreja dos Mártires. Uns colegas fizeram a sua explicação do espaço e depois fizemos uma pausa bem merecida, para lanchar. Após um ligeiro atraso dos professores voltámos ao nosso longo percurso. Dirigimo-nos até à famosa Brasileira, onde também fomos fazer uma cusquice das muitas obras contemporâneas de Pessoa que lá moram. Depois de mais uma descida, a parte mais fácil do percurso, vimos o prédio onde F. Pessoa havia nascido, mesmo no Largo de S. Carlos. Mais uma descida, não nos podemos queixar, e fomos ao Largo da Faculdade de Belas Artes, onde tentamos uma pequena invasão ao miradouro em frente, o que se tornou impossível graças à segurança privada que agora lá existe. Mais percurso a descer, para baixo todos os santos ajudam, e chegámos à Rua do Ouro, onde pelo adiantar da hora foram muitos os colegas, incluindo eu, que deram a sua contribuição. Seguimos para o Martinho da Arcada onde tiveram a gentileza de nos deixar entrar e mirar todo aquele ambiente rodeado pela viva alma de F. Pessoa. As últimas paragens, bolas já nem me lembro, sei que fomos a um jardim no Terreiro do Paço, onde não nos queriam deixar entrar, por já ser um pouco tarde e que depois paramos em mais duas ou três ruas as quais já não assentei o nome, mas é que o cansaço já era pesado. Nessas ruas os poucos e últimos colegas resistentes descreveram também o espaço e ligaram-no à vida de F. Pessoa.

E por fim a última e derradeira corrida para o metro. Pareceu que nunca mais chegava a casa e tomava o merecido banho e merecido jantar. Agora estou aqui a escrever já quase sem força nos olhos e nos dedos.

Uffa... Foi cansativo, bom, mas acabou...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um elemento, muitos significados

O fogo consume, aquece, ilumina, mas também pode trazer morte e dor; e por isso seu simbolismo pode variar muito dependendo do contexto em que ele é usado. Ele é muito usado como um símbolo de inspiração como também é um símbolo predominante do inferno. O fogo é um dos quatro elementos que o ser humano pode produzir, fazendo uma conexão entre os mortais e os Deuses. A maioria dos rituais envolvem uma chama eterna, e acender um fogo é equiparado com o nascimento e ressurreição. Pode ainda representar iluminação espiritual, sexualidade e fertilidade.

Fogo pode ainda ser visto como uma força de purificação (Cooper, 1978). Em um contexto mais moderno, um fogo na floresta, que pode ser destrutivo e dispendioso pode ser ecologicamente correcto como um modo de purificação onde todo um ecossistema é rejuvenescido.

O fogo também é visto pelos cristãos, chineses e Hebreus como um símbolo de divindade (Cooper, 1978). No Cristianismo, o fogo pode ser simbólico para zelo e martírio. No Egipto, representa um sentido de superioridade e controle. Em muitas outras culturas, o fogo é visto como um símbolo para sabedoria e conhecimento.

Freud via o fogo como um aspecto da libido (impulso sexual) representando paixões proibidas.

Ele destrói, limpa, purifica. Significa o surgimento da paixão e sexualidade. Para Jung ele representava transformação, pois ele é o grande agente das transformações pelo seu carácter de simbolizar as emoções, tanto que aquilo que resiste ao fogo tem o carácter da imortalidade. Sem o fogo da emoção nenhum desenvolvimento ocorre e nenhuma conscientização maior pode ser alcançada, ele é considerado um símbolo da consciência e no Êxodo, as tribos comandadas por Moisés foram guiadas por uma coluna de fogo durante a noite que foi denominada de Tocha Ardente, é um tipo de libido, consciente e criativa. Existe uma tendência geral de se estabelecer um paralelo entre a produção de fogo e a sexualidade, tanto que ele pode estar representando o inferno resultante da vivência da Paixão. O pramantha como instrumento do Manthana (o sacrifício de fogo) entre os hindus, tem um significado sexual; o pramantha representa o falo ou o homem e o pau furado colocado em baixo é a vulva ou a mulher, sendo que o fogo gerado é a criança, o filho divino AGNI. No culto, os dois paus chamam-se pururûvas e urçavi e são símbolos do homem e da mulher; do órgão genital da mulher nasce o fogo da sexualidade que é um dos conteúdos psíquicos de maior carga afectiva. Na alquimia, o fogo da calcinatio é um fogo purgador, embranquecedor que actua sobre a matéria negra, símbolo da nigredo, tornando-a branca., a albedo.

Dentro do simbolismo alquímico, ele também era uma imagem da participação do indivíduo no trabalho pois para que a transformação se processasse era preciso atenção ao fogo que deveria sempre manter-se aceso. O que é purificado pelo fogo, torna-se de forma bastante literal, sagrado, e quando uma criatura "espiritual" é queimada a cremação lhe confere o corpo, posto que esse elemento era considerado o veículo conector entre os reinos divino e humano, a própria inspiração através do espírito. Existe também em relação ao fogo a imagem que simboliza o grande destruidor, como pode inclusive ser visto em vários mitos posto que ele tanto pode nos queimar como nos iluminar. Nos tempos primitivos era o principal método de sacrifício aos deuses. Os sonhos em que cidades são queimadas ou ainda, que nossa própria casa é queimada, costumam indicar que um afecto nos possuiu e tornou-se completamente fora de controlo. Ele mostra a intensidade da tonalidade afectiva e por isso é uma expressão da energia psíquica que se manifesta como libido.

É um princípio criador por excelência, símbolo da energia vital, da purificação, da espiritualidade, do entusiasmo e do ardor. Sonhar com o fogo de uma lareira ou com uma fogueira no meio de um campo indica uma necessidade de acção, de levar a cabo de forma imediata o que se está projectando. Se esse fogo te envolve, significa que você está desperdiçando uma grande quantidade de energia ou que está utilizando esta energia de forma errada. Se trataria de um erro por excesso, por culpa de uma ambição desproporcional ou de um entusiasmo que não corresponde à realidade e que você deveria guardar isto para outros empreendimentos.

Com certeza, você precisa serenar e medir a extensão de seus actos. Se o fogo queima um bosque ou um edifício, é um indício de que algo está ameaçando destruir sua integridade. Você não está deixando ninguém lhe aconselhar e, desse jeito, as coisas chegam a um limite perigoso. Sonhar com fogo é logicamente uma advertência para que você desenvolva a paciência e cultive a objectividade, que não é o seu forte.

A maior parte dos aspectos do simbolismo do fogo está resumida na doutrina hindu, que lhe confere fundamental importância.

O aspecto destruidor do fogo implica também, evidentemente, um lado negativo; e o domínio do fogo é igualmente uma função diabólica. A propósito da forja, deve-se observar que seu fogo é a um só tempo celeste e subterrâneo, instrumento de demiurgo e de demónio. A queda de nível é representada por Lúcifer, portador da luz celeste, no momento em que é precipitado nas chamas do inferno: fogo que queima sem consumir, embora exclua para sempre a possibilidade de regeneração.

O fogo, na qualidade de elemento que queima e consome, é também símbolo de purificação e de regenerescência. Reencontra-se, pois, o aspecto positivo da destruição: nova inversão do símbolo. Todavia, a água é também purificadora e regeneradora. Mas o fogo distingue-se da água porquanto ele simboliza a purificação pela compreensão, até a mais espiritual de suas formas, pela luz e pela verdade; ao passo que a água simboliza a purificação do desejo, até a mais sublime de suas formas — a bondade.

Por: Sérgio Pereira Alves

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Relatório da aula do dia 12 de Fevereiro de 2009

A aula do dia 12 de Fevereiro de 2009 iniciou-se com a entrega da folha de preenchimento para a visita de estudo à Lisboa Pessoana e com esclarecimentos sobre a mesma.
Prosseguiu-se a aula com a leitura de um conto do livro Exercícios de Estilo de QUENEAU, Raymond, Ed. Colibri, Lisboa 2000, intitulado, após alguns palpites dos alunos, Desajeitado, e com a leitura de um outro excerto do livro, Cadernos de Lanzarote de José Saramago, a terceira página do dia 6 de Março.
Após a pequena revisão sobre a matéria das aulas anteriores, realizou-se a leitura de textos sobre o Epicurismo - que consiste em gozar o presente e o Estoicismo – que consiste na aceitação da condição humana, através da disciplina e da razão, doutrinas que Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, idolatrava (página 198).
Sobre o texto do Epicurismo podemos dizer que era a faceta de Ricardo Reis que vivia de acordo com o desfruto do prazer, mas com moderação, sendo que a outra faceta vivia segundo a razão, usando-a para não recriminar e uma serena aceitação, logo de acordo com a outra doutrina, o Estoicismo. Com a oportunidade de leitura destes textos seguiram-se os significados de alguns conceitos entre eles: Dogma – uma verdade inquestionável e Rebelarem – revoltarem.
A leitura de um outro texto sobre Ricardo Reis – o poeta da auto-disciplina (página 195) que nos elucidou, mais uma vez, sobre a forma como Fernando Pessoa criava os seus heterónimos dando-lhes uma total e completa personalidade e também onde F. Pessoa nos “apresentava” o mais recente heterónimo.
Para terminar a aula fizemos uma leitura dramatizada de um excerto de um texto (página 202) de José Saramago, O ano da Morte de Ricardo Reis.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Um balanço intermédio, uma organização de trabalho...

Ao longo deste mês de trabalho, e apesar de ainda não ter tido a oportunidade de estudar completamente e intensamente o Felizmente Há Luar! tenho tido uma boa impressão da obra e do elemento que nela é retratado, o fogo.
Tudo o que foi realizado até agora foi, alguma pesquisa sobre a simbologia do fogo e da fogueira, uma primeira análise da obra e um texto pessoal, um diário, em graça aos heterónimos de Fernando Pessoa.
Tenciono continuar a apostar na pesquisa da simbologia do fogo, da fogueira, e em alguns elementos que irei agora introduzir, a lua, a noite, a luz, e os tambores também muito anunciados no texto de Sttau Monteiro.
Com a oportunidade, de ainda referir Pessoa, que agora estudamos, irei realizar mais textos pessoais sobre esse fantástico poeta, e introduzir uns excertos em que o poeta se refere ao fogo.
Mais tarde, numa especie de conclusão um resumo sobre a obra Felizmente Há Luar! e o elemento que escolhi.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Fogo no Felizmente Há Luar!


Numa primeira análise da peça de Luís Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar!, o Fogo pode ser interpretado de várias maneiras.
Sendo que os supostos conspiradores são condenados à morte na fogueira, significa que os que condenavam queriam destruir o que julgavam ser “mau”, para que renascesse a força do “bem”, e a determinação que conduzia o povo à liberdade. Também poderemos entender que ao invés da destruição, dado que o fogo terá uma vertente purificadora, que os mesmos eram condenados para purificarem a alma.
Quando analisamos algumas frases de alguns personagens, por exemplo as palavras de Matilde: “Aquela fogueira há-de incendiar toda a terra”, podemos verificar que isso mesmo se verificou pois todos os que na realidade foram queimados, levaram a uma rebelião que conduziu ao triunfo do liberalismo de 1820. Assim, as palavras de Matilde apesar de serem realidade, também explicam a ligação da fogueira do Felizmente Há Luar! com a liberdade da terra que Matilde falava.

Sonhar com o fogo

Pierre RealDos Sonhos aos Símbolos – Interpretação dos SonhosLisboa, Ed. Marabu-Notícias, 1967Excertos adaptados

Dos sonhos aos símbolos

O fogo tem sido sempre objecto de um verdadeiro culto. Na Antiguidade, o fogo era sinónimo de vida, de luz, de força e de amor… Aliás, o fogo encontra-se ligado aos sentimentos amorosos… Não se diz vulgarmente: uma paixão ardente… o coração em brasa… consumido de amor…a chama do amor?
Em sânscrito, a palavra tejas significa simultaneamente fogo, luz, força espiritual e esperma viril.
Se sonham com fogo, os sonhadores estão junto de grandes fontes de energia física. Nos sonhos surgem então chamas claras ou sombrias, forjas com ferro em brasa, altos-fornos gigantescos, etc.
O fogo permite transformar a matéria, por fusão. Além disso, é considerado um elemento purificador. Se no vosso sonho entra o fogo, podem estar certos de que esse sonho é cheio de significado. Procurarão, então, desembaraçar-se das vossas impurezas morais e das futilidades, a menos que o vosso sonho vos previna de que, inconscientemente, nasceram em vós novos sentimentos e ideais ardentes e puros.
O fogo, nos sonhos, é símbolo de luz, de purificação, de energia ou de sexualidade (tal como o sol! Os antigos, aliás, chamavam ao fogo «filho do sol»).
Eis um exemplo:
Encontro-me numa planície imensa, obscura… no meio da qual brilha um fogo claro, magnífico… Aproximo-me, com um receio misturado de um grande respeito. O braseiro torna-se cada vez mais claro e vivo, ouvindo-se o crepitar das chamas. Sem qualquer hesitação, entro nessas chamas, que me lambem, não me queimam. Caminho sobre o fogo e saio das chamas. À minha frente, ergue se uma coluna luminosa que sobe no céu, tendo no seu cume um outro fogo em forma de sol…
Eis um belo sonho, cheio de grande energia psíquica. Trata-se aqui de um jovem tímido, apagado, mas cuja alma estava «repleta de fogo» e sequiosa de beleza. Este sonho revelou-lhe inconscientemente muitas coisas: deu-lhe a certeza interior do que necessitava. E notem bem isto: saindo do fogo, viu uma coluna que subia no espaço em direcção a um sol. Eis outros dois grandes símbolos que mostram bem o carácter construtivo do seu sonho.
No entanto, o fogo mostra, em certos sonhos, numerosas deformações, a mais corrente das quais é o INCÊNDIO.
Se sonharem com incêndios, trata-se de um fogo que destrói, e o sonho tem o significado de um perigo interior que vos ameaça. Acendeu-se um fogo num recanto da vossa alma, que foi captado pelo vosso inconsciente, mas que sois incapazes de detectar quando em estado de vigília. Torna-se, por isso, necessário procurar a destruição que em vós se começa a operar e, portanto, deve fazer-se uma análise dos sentimentos inconscientes.
Tratar-se-á de uma paixão «ardente» e destruidora? De um esgotamento que põe em perigo os vossos nervos? De uma transformação nociva no ritmo dos vossos instintos? Só um profundo exame permite desvendar estes casos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Uma viagem no mundo de Fogo...

Fazia parte dos meus planos um dia conhecer o mundo de Fogo, julgava eu, até ao dia em que conheci! Tudo começou quando entrei pela porta que rapidamente se fechou, comecei logo por me sentir desamparada, sozinha... Eram-me desconhecidas muitas das caras que via, uma ou outra talvez ja tivessem cruzados olhares comigo mas não sei onde nem quando, reconheci uma ou duas, ambas amigáveis e simpáticas. Fiquei perto delas, e olhava desconfiada e friamente para as outras. Não fiz nenhum tipo de julgamento dos donos dessas caras pois queria e tentava ser distante deles, o que mais tarde se tornou impossível em certos casos. Não era a única que me sentia assim, ansiosa, sei que das outras duas caras que eu conhecia já há algum tempo estavam na mesma situação, afinal eram novas, também no meio daqueles curiosos olhares que questionavam quem nós eramos e porque estavamos ali. Passou-se o tempo entre "cochichos" e perguntas e pareceu-me que estava mais à vontade a meio do dia, então no dia seguinte muito mais confortável, tentando adaptar-me ao ambiente. Inevitável, posso dizer, foi não desenvolver nenhum tipo de relacionamento com gente simpática que encontrei pelo meu caminho. Gente com personalidade e que espera sempre alcançar novos desafios, caras desconhecidas, agora talvez não, que lutam com garra pelo que querem, donos dessas caras que sobrevivem no mundo de fogo...

sábado, 24 de janeiro de 2009

Cartoon

"Atlas"

Por vivermos num país e até num mundo de fogo, esta semana passei uma boa meia hora a rir com os cartoons de um grande artista, há que elogiá-lo e muito, trabalha na maldade de uns, mas para gosto dos outros. Henrique Monteiro é um cartonista que apresenta os seus trabalhos no seu próprio blog: http://henricartoon.blogs.sapo.pt/ ou até à data de Setembro de 2008 (sendo alguns repetidos do primeiro link) em http://henricartoon.blogspot.com/. É bastante interessante a forma como ele desenha mas também a forma como pensa e consegue transmitir isso e muito bem no papel.
O artista aceita cartoons por encomenda que julgo serem feitas através de contacto para henmonteiro@gmail.com, alguns exemplos dessas encomendas estão em http://caricaturasencomendadas.blogs.sapo.pt/.
Deixo uma dica, passem lá é bastante bom!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um diário...

Diário de 15 de Janeiro de 2009 Aula de Português

Talvez o tempo lá fora não ajudasse, talvez o cansaço do chegar ao final da semana, nem as boas notícias de marcações de visitas de estudo me permitiam estar atenta. Estou a referir-me a mim, mas a professora reparou que também a turma não estava presente.
Sei que aula foi após o almoço, sei que chovia e estava nublado lá fora, sei que temos algum trabalho para o fim desta semana e talvez por isso me faltasse concentração e motivação.
Queria participar, queria falar mas parecia que o meu cérebro não desenvolvia, conseguia tirar apontamentos, conseguia estar sozinha comigo mesma, partilhar verbalmente as minhas ideias ou as minhas opiniões era impossível, só dava para partilhar o conteúdo da aula com o caderno.
Via depois colegas a tirar apontamentos, a desenhar e outros a participar na aula, mas quando a professora perguntava algo mais complicado parecia que o cérebro da turma desligava, e só após algum tempo é que começava a aquecer.
Pensando nos cérebros preguiçosos como um carro, à maneira de Álvaro de Campos, hoje estavam estacionados, a professora procurava dar à chave, mas só de vez em quando o motor pegava.
Outra hipótese, como Alberto Caeiro pensaria, os mesmos crânios poderiam ser comparados a um rebanho que a professora conduzia, mas que pouco se queriam mexer.
Já como Ricardo Reis diria, estavam esses belos cérebros sentindo dor sem ao mesmo tempo a sentir.
Sem dúvida que apesar da pouca participação que hoje tive na aula, pude compará-la e muito com os heterónimos de Fernando Pessoa que agora estudamos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Significado do Fogo


Grande Dicionário da Lingua Portuguesa, Grande Biblioteca Multilingue, 2002, Volume III:

Fogo, s. m. Desenvolvimento simultâneo de calor e luz produzido pela combustão de certos corpos. Fogão, chaminé, lareira. Lar, Casa, sede de uma família. Fogueira para servir de sinal. Farol que se acende para guiar navegantes. Calor excessivo, vivacidade, energia. Fogagem. Agitação, sentimento veemente. O suplício da fogueira. Clarão intenso. tiros de fuzilaria, artilharia ou quaisquer armas de fogo. Fig. Combate, acção bélica. Brincar com o fogo, queimar-se lidando sem cautela com o fogo. Arriscar-se, imprudentemente em qualquer empreendimento. Lançar, deitar, largar, pôr, pegar, prender fogo, provocá-lo, ateá-lo. Pontas de fogo, aplicação de objecto pontiagudo em brasa em certos pontos da pele. Pôr as mãos no fogo por, grantir a virtude, a honestidade de. Interj. Voz de execução para descarregar armas.

(...)

Fogueira, s. f. Porção de lenha ou de outro combustivel a arder. Incandescência, exaltação, ardor. Festas populares que se costumavam fazer fogachos nas vésperas de S. João, S. Pedro, Sto. António e outros santos. Monte de lenha em chamas, em denados ao suplíco do fogo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Rita Lee canta Perto do Fogo



Perto do fogo
Como faziam os hippies


Perto do fogo
Como na Idade Média
Quero queimar minha erva
Eu quero estar perto do fogo

Perto do fogo
Quando tudo explodir
Mas não vai explodir nada
Vão ficar os homens se olhando
E dizendo: O momento está chegando

Perto do fogo, meu amor

Perto do fogo
Eu queria ficar perto do fogo
No umbigo do furacão
E no peito um gavião
No coração da cidade
Defendendo a liberdade
Eu quero ser uma flor
Nos teus cabelos de fogo
Quero estar perto do poder

Eu quero estar perto do fogo

Perto do fogo, meu amor...

O Fogo e o Felizmente Há Luar!


Novo ano, novo elemento, nova obra. Uma nova oportunidade de descrever novos sentimentos, emoções e sensações.

Apresento um novo elemento que acho que se identifica com a obra que também escolhi, Felizmente Há Luar!, o Fogo! O oposto do anteriormente escolhido elemento, a Água, que não identifiquei em nada com a peça que estudo.

O novo texto dramático que coloco em estudo trata a injustiça e a repressão política levada a cabo pelo Estado Novo, foi publicado em 1961 e censurado durantes muitos anos, sendo apenas levado aos palcos pela primeira vez em 1978, no Teatro Nacional, encenado pelo próprio autor, Luís de Sttau Monteiro, homem dos palcos, como o mesmo afirma, que não se deixa envolver pelos textos, mas pelo espectáculo e por quem o realiza e assiste:

Eu sou um homem de teatro concreto, real, de palco. Para mim o teatro surge quando está no palco, quando estabelece uma relação social, concreta num povo e num grupo. o livro meramente, ou o texto, tem para mim muito pouco significado, apesar de eu ser um autor teatral. (...) Se vocês são o teatro do futuro, eu sou o do passado. eu sou um homem para quem só conta o espectáculo.
Le theátre sous la contrainte, actas do Colóquio internacional realizado em Dezembro de 1985.