quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um diário...

Diário de 15 de Janeiro de 2009 Aula de Português

Talvez o tempo lá fora não ajudasse, talvez o cansaço do chegar ao final da semana, nem as boas notícias de marcações de visitas de estudo me permitiam estar atenta. Estou a referir-me a mim, mas a professora reparou que também a turma não estava presente.
Sei que aula foi após o almoço, sei que chovia e estava nublado lá fora, sei que temos algum trabalho para o fim desta semana e talvez por isso me faltasse concentração e motivação.
Queria participar, queria falar mas parecia que o meu cérebro não desenvolvia, conseguia tirar apontamentos, conseguia estar sozinha comigo mesma, partilhar verbalmente as minhas ideias ou as minhas opiniões era impossível, só dava para partilhar o conteúdo da aula com o caderno.
Via depois colegas a tirar apontamentos, a desenhar e outros a participar na aula, mas quando a professora perguntava algo mais complicado parecia que o cérebro da turma desligava, e só após algum tempo é que começava a aquecer.
Pensando nos cérebros preguiçosos como um carro, à maneira de Álvaro de Campos, hoje estavam estacionados, a professora procurava dar à chave, mas só de vez em quando o motor pegava.
Outra hipótese, como Alberto Caeiro pensaria, os mesmos crânios poderiam ser comparados a um rebanho que a professora conduzia, mas que pouco se queriam mexer.
Já como Ricardo Reis diria, estavam esses belos cérebros sentindo dor sem ao mesmo tempo a sentir.
Sem dúvida que apesar da pouca participação que hoje tive na aula, pude compará-la e muito com os heterónimos de Fernando Pessoa que agora estudamos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é assim tão "aparte", permite-me que discorde :-) .
Aliás, é um bom diário, como te disse e aqui mostras muito bem como fazer as ligações entre o programa e o trabalho.
As reflexões que fizeste no final a propósito d(os) F Pessoa(s) são bem interessantes.
R