segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diário de Viagem


Tarde… Tratamento imperativamente exímio, talvez por um check in exclusivo, talvez pelos dígitos visíveis no bilhete comum.
Trauma, medo, grito, uma ausência de conforto patente em alguns. Ânsia, desejo, loucura sã, presente em nós.
Um descolar de cento e sessenta e oito pensantes, cinquenta e seis janelas, uma imagem… Mare Nostrum. Uma estreita passagem para o Paraíso, uma aterragem perfeita.
Arte, arte pura num simples aeroporto. Uma visão nocturna incontestável. Vimos cada segundo passar iluminado, iluminando a multidão.
Tal como no purgatório, as portas se abriram, para nós, as do Paraíso. Baptizadas com um chá, e assim começa a nossa viagem.
Num lugar onde a areia protagoniza e a escaca água é azul profundo, foi provado o fruto proibido.
Com vista para a ausência desta terra, saboreando o nascer do sol, libámos o néctar divino, abusando seguidamente da maior fonte de energia.
Quando a noite cai nas dunas desertas, chega-se ao oásis. Pecado a pecado as estrelas do céu não se querem dissipar.
Após uma noite com ininterruptas constelações, vivemos a noite imortalizada, “olvidalmente” impossível.
Nas termas, de Cartágo, ensopadas, apuramos o verdadeiro calor… o Olímpico.Um forte, uma Medina, um todo, uma sensação, numa preclara viagem.Despedida... Não o fim, mas um começo...
Apenas um fim-de-semana passado. Um lugar por descobrir, plantar um oásis no deserto da nossa alma.
Em Cuba salsa o Fidel dançava, na Tunísia Zine Ali pela dança do ventre se fascina. Um espaço onde duas culturas, totalmente opostas, se mesclam. Havana…
Tuk-Tuk, com os cabelos levados pelas tempestades de areia, de camelo motorizado, tradições ocultas conhecemos.
Uma tradição, um casamento, ou dois, neste caso. A tinta preta a inundar cada poro. Uma confusão presa entre paredes altas, ruas estreitas, e palavras desconhecidas.
Gota a gota, vinda do reino divino de Alá, o preto ficou branco, o claro desbotou-se. "Alrgd", trovões, fortes, relâmpagos intensos e impiedosos.
Azul, branco, paz...uma oração... Um lugar encantado onde tudo se rege por duas cores, até os sorrisos e as almas da sua gente, Sidi Bou Said.
Mil e um Mosaicos, Mil e uma Histórias, quatro mulheres, um sultão, entre os arcos de um Harem.
Milésima primeira noite... a última... A despedida de um prazer único e perpétuo.
Um local já antes conhecido, onde todas as despedidas e encontros são confundidos com Départs e Arrivées.
Chateado com o nosso retorno, Alá preparou-nos uma surpresa, um voo turbulento, para um país igualmente instável.

1 comentário:

Anónimo disse...

É muito binito este vosso relato de uma viagem. Tu e a Bruna estão de parabéns. Gostaria de ver aqui um pequeno texto a complementar/justificar a inclusão deste belo texto num trabalho sobre o Memorial do Convento.